quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Apropriação do tempo

Pensando neste tempo acelerado, em que os encontros com os amigos não ocorrem, pensei em duas coisas: a primeira, uma frase de uma música da Elis que diz mais ou menos assim "sentimental eu fico (...) sou um lobo cansado carente, de cerveja e velhos amigos"; a segunda em um texto que escrevi para a aula de Psicologia da Educação sobre políticas contemporâneas do corpo, da alma e da mente. Eis o texto:
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5h30 da manhã. A cada toque do despertador sinto uma pontada gélida no estomago. Levanto o braço para desligá-lo. Primeiro passo: enrijeço as costas para diminuir o tempo da respiração. Segundo passo e os seguintes: Contraio o abdomem e observo se este diminuiu de ontem para hoje, já que a muito me privei do doce, principalmente do chocolate. Tenciono a nuca, pois esta carrega o peso da culpa pelo dia de ontem mal aproveitado, e carrega também a pressão das coisas para fazer, que esperam o hoje. A energia concentra-se na cabeça com os pensamentos turbilhonados do devir. Pronto. Levanto e estou começando o dia. Estou preparado para receber um soco, se este assim o vier (seria incapaz de desfechar um). E o dia passa, e a respiração mal chega às extremidades do meu corpo, e as coisas não são feitas, e a culpa permanece e eu vou ao terapeuta.
(A.S.M.R.)

2 comentários:

Ana Sylvia Maris Ribeiro e Ana Maria Guabiraba disse...

Ana, seu texto me fez lembrar de uma peça que eu assisti da Denise Stoklos, chamada Olhos Recém-nascidos. Ela faz toda a peça sentada, se movimentando o mínimo possível. Imagine o que é isto para uma coreógrafa e bailarina? A narração do texto é muito parecida com a que você fez. Entre no site dela, que é maravilhoso.
Beijão.
Ana

Luiz Silva disse...

Muito bom Ana!!! Senti um reconhecimento imediato com os momentos descritos.....
variante LG1:
....só mais dez minutos de sonhos!!tenho horário marcado aqui, mas quero tanto voltar pra lá!!!
Ok,+10 min...e +10...foda-se..
.....termino de sonhar no metrô, já na hora de desembarcar: Púúúúú, fecham-se as portas e vejo a cidade brilhante sob a chuva....