quarta-feira, 29 de abril de 2009

O último dia

Texto da aula do Júlio Groppa. O penúltimo que apresentei, sobre o fim do mundo. Atualmente, relendo Notícias do Planalto e compreendendo melhor o papel da imprensa na nossa história recente, acredito mais do que nunca que tudo transcorreria como descrito. Será?

Começa o clamor: Ana Sylvia, volte a escrever e engrandecer este espaço.


“Meu amor, o que você faria se só te restasse um dia? Se o mundo fosse acabar, Me diz o que você faria”. Paulinho Moska.

Estava em todos os jornais! Ninguém conseguia desligar a televisão! Tudo era noticiário. Nada mais do que notícias. Eu me perguntava o quão infelizes eram aquelas pessoas que não paravam de trabalhar no provável último dia. Talvez porque só fosse provável. Talvez porque não tinham pra onde voltar. Tudo era talvez. O mais curioso era que havia uma grande massa de telespectadores esperando, ansiosamente, a notícia de sua morte. Os quinze minutos de fama, a que todos têm direito, estavam reservados para os quinze minutos finais. A cena contrariava todas as previsões de sociólogos, psicólogos, antropólogos e todos os logos que existem. Não, as pessoas não queriam saber de sexo, de drogas, de aventuras radicais.... Todos, esperavam pelo fim prostrados em um sofá, na frente da televisão, como espectadores de suas próprias histórias pessoais.
AMCG

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